Paralisia Facial Periférica

A paralisia facial periférica ocorre quando há uma interrupção do influxo de qualquer um dos nervos faciais, ocasionando alterações motoras e sensitivas no indivíduo. Entre 62% a 93% dos casos a causa é idiopática, ou seja, desconhecida, sendo chamada de paralisia facial de Bell. A segunda causa mais comum é a traumática, dentre outras. 
Existem dois nervos faciais, um do lado direito da face e outro do lado esquerdo, e cada um tem vários ramos. O ramo principal controla a maior parte dos músculos de um dos dados da face, incluindo os músculos que controlam a expressão facial, os músculos dos lábios e os que fecham os olhos. Outros ramos mais pequenos vão para a língua e para o ouvido.
Manifestações Clínicas
Na maior parte dos casos, as manifestações da paralisia de Bell começam gradualmente e atingem um pico em 48 horas. Os sintomas precoces incluem uma alteração da sensibilidade numa porção da face, dor no ouvido ou em volta deste, aumento da audição e alterações no paladar. À medida que esta situação progride, o doente apresenta tipicamente dificuldade em fechar um dos olhos e nos movimentos dos lábios e pode queixar-se de não ser capaz de manter os alimentos na boca. O doente repara que um dos lados da face não mexe e que há uma assimetria da face. Os olhos podem lacrimejar menos do que o habitual.

Diagnóstico
Os médicos geralmente diagnosticam a paralisia de Bell com base no exame físico. O médico irá avaliar a força dos músculos da face, pedindo ao doente para fechar os olhos, para enrugar a testa, para sorrir e para assobiar, para verificar se existe uma diferença entre os dois lados da face. O médico irá perguntar ao doente se notou o aparecimento de quaisquer sintomas de entorpecimento ou de fraqueza noutras partes do corpo ou dificuldade na marcha. Estas manifestações não se encontram presentes em caso de paralisia de Bell mas podem surgir em associação com outras causas de paralisia facial.
O médico irá procurar uma erupção cutânea semelhante à da zona (com vesículas) na face e no ouvido. Se o doente tiver uma erupção cutânea deste tipo, especialmente se for dolorosa, o diagnóstico mais provável é síndrome de Ramsay-Hunt, causada pela reativação do vírus herpes zoster.
Se não existirem outras manifestações e o único problema for uma fraqueza nos músculos faciais, o médico pode diagnosticar uma paralisia de Bell sem precisar de realizar exames adicionais. Pode ser pedido um doseamento de açúcar no sangue (glicemia) se o indivíduo não tiver feito essa análise recentemente uma vez que as pessoas com diabetes têm um maior risco de sofrer de paralisia facial. Em determinadas situações, também pode ser realizada uma análise de sangue para excluir a doença de Lyme, sobretudo quando à paralisia facial se associam outras manifestações. 

Tratamento
Se as manifestações forem ligeiras, pode não ser necessário tratamento. Mais frequentemente, as pessoas com paralisia de Bell são medicadas com prednisolona, um corticoide, para reduzir a inflamação e o edema no nervo e para diminuir a dor. Alguns médicos prescrevem uma combinação de prednisolona e de um medicamento contra o vírus herpes tomado por via oral, como o aciclovir ou o valaciclovir. Estes medicamentos são geralmente tomados durante 10 a 14 dias.
Se a paralisia de Bell estiver a afetar a capacidade para o doente fechar os olhos, a córnea pode ficar seca e susceptível a lesões traumáticas. Para prevenir esta complicação, o doente deve proteger os seus olhos do vento e da poeira usando óculos e deve tapar o olho durante a noite com um tampão feito de gaze. Além disso, deve manter os olhos úmidos através da utilização de lágrimas artificiais aplicadas frequentemente durante o dia e lubrificando os olhos durante a noite com uma pomada oftálmica, lembrando que todo e qualquer medicamento deve ser prescrito por um médico.
Outras causas de paralisia facial têm um tratamento diferente. Em caso de síndrome de Ramsay-Hunt, é necessário instituir tratamento com uma dose mais elevada de aciclovir ou de valaciclovir. A paralisia facial relacionada com a doença de Lyme é tratada com antibióticos activos contra a bactéria que causa esta doença.
Logo após o diagnóstico médico deve ser dado início ao tratamento, que requer acompanhamento médico, fonoaudiológico e fisioterapêutico. A fisioterapia vem a contribuir com a recuperação motora e sensitiva desses pacientes. Dentre os recursos utilizados encontra-se: a cinesioterapia, através de exercícios de treinamento neuromusculares da mímica facial, a termoterapia com gelo (crioterapia), as massagens, a eletroterapia com uso de laser, de eletroestimulação transcutânea e as orientações. O biofeedback por eletromiografia de superfície também pode ser utilizado. 
Na paralisia facial de Bell é comum uma piora do quadro nas primeiras 48 horas, mas a maioria dos pacientes se recupera dentro de algumas semanas. No entanto, dependendo do tipo de lesão, a recuperação total do nervo facial pode durar de 15 dias até quatro anos.  
Acima de 50% das pessoas tem recuperação total ou satisfatória. Porém, em alguns casos podem restar sequelas residuais. O resultado depende de alguns fatores como o tempo que o paciente levou para iniciar tratamento, a presença de doenças associadas como hipertensão e diabetes e a causa da paralisia. A melhora é menos satisfatória em paralisias completas que em incompletas, em pacientes com dor retro-auricular e em pacientes idosos. Aproximadamente 23% das pessoas com paralisia facial idiopática permanecem com alguns sintomas e sinais, que podem ser classificados como moderados ou graves, como melhora motora parcial, síndrome de lágrimas de crocodilo, contratura ou sincinesia. 
Independente do tipo de paralisia, a fisioterapia terá como objetivo restabelecer a função, com o retorno da mímica facial e diminuição da alteração de sensibilidade, evitando o aparecimento dessas sequelas e devolvendo o bem-estar físico e emocional do paciente. 

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